sexta-feira, novembro 24, 2006

Palavra pequena

Sob as luzes citadinas, a palavra de um simples homem nada vale. Tudo precisa constar no documento: data, hora, lugar, valor e registro. Este último, imprescindível!

Os fatos narrados, tornaram-se histórias em quadrinhos, apenas abobrinhas a se desconsiderar. O olhar no olhar, um mecanismo para, covardemente, manipular-se os demais, e a convicção no peito, nada mais do que um sentimento apenas seu, mas que não prova nada. Clamar pela veracidade dos acontecimentos verdadeiramente vividos é sujeitar-se ao descrédito, ao ridículo. É aceitar ser chamado de mentiroso eufemicamente...

Seja uma balinha, seja um avião, sua condição é a mesma. Afinal, o que é um consumidor sem um cupom fiscal? Um dono de terra, sem escritura definitiva? Um motorista sem o documento oficial do DETRAN? Você sem sua certidão de nascimento? Duvidam de sua existência, mesmo visualizando sua silhueta a palmos de distância.

O documento tornou-se a palavra, ou o instrumento de silêncio, da falta de argumento. Assim, nesse arsenal de verdades e mentiras, nos perdemos no que é verdade e no que é que mentira. E vivemos de documentos para nos situar, de leis para nos confirmar o certo e da falsidade documental para nos fazer duvidar de tudo isso...

Monique Mendes

Um comentário:

Anônimo disse...

é a vida burocratizada!

haja complicação do descomplicado.






adorei! =D