domingo, junho 10, 2007

Solidão cibernética


Acabo de ler despedidas cibernéticas, de receber um "tchau" das páginas mais visitadas da internet da minha casa, dos links "meus favoritos". Não sei se a sensação certa é esta, mas sinto-me uma bloggeira solitária. Parece que constatar sentimentos descritos por outrem me fizesse sentir mais normal. Gostoso perceber que o sentir ainda existe, mesmo que na frieza de letras digitadas. Era um prazer lê-las antes de qualquer trabalho a fazer ou de qualquer "break" do meu dia-a-dia.

Trabalhava como ouvinte assídua, acompanhava suas palavras como jornal do dia. Era como se tivesse sempre perto dos escritores, já que algumas ruas ou a Agamenon Magalhães me impedem de vê-los na mesma frequência com que os leio. E agora, eles pedem férias ou dizem adeus, deixando-me sem o prazer de decifrá-los a metros de distância mesmo que ficássemos meses sem nos ver.

Espero que terminem logo a Via Mangue.

Monique Mendes

domingo, junho 03, 2007

No canto da sala

Chegou na simplicidade para fazer da sua companhia algo decifrável. Mas os cabelos cortados de lado, a maquiagem exagerada, as roupas de marca despistaram suas palavras. Aproximou-se dos próximos. Entretanto, por comparecer com vestuário incompatível, fora de moda, interessou apenas aos olhares tortos, aos sorrisos forçados como motivo de deboche.

Diante dos vestidos de luxo e dos róseos de carmim nos semblantes modelados, engoliu vontades, substituiu desejos e, sem alternativas, tornou-se solitária. Como última chance, fez dos seus olhos remoto-controle dos atos, dos modos, dos hábitos para adequar-se aos demais.

Assim, constatou-se sozinha, compreendida apenas pela lua, que conforta uma imensidade de corações diante da sua universalidade de cor e tamanho. E como ela estava linda, completa! Parecia que adivinhava o vazio do peito de quem a observava com tanto esmero. E, iluminou a mente daquela que precisava da naturalidade de sua luz para perceber que ali, sob aquele teto, seu grito seria apenas um cochicho diante de tanta sofisticação.

Simplesmente, saiu sem se despedir.

Monique Mendes