Esse compromisso social que extrapola seu círculo de preferências, tornando os momentos convencionais, tira meu apetite. Quando você desejava passar seu sábado à noite ao som de uma boa música, tomando um bom vinho, vem aquele amigo convidando você para um pagodão no Caldeirão. Você pensa: não devia ter atendido o telefone, mas lá vai você atender aquele “convite irrenunciável”.
Programa perdido. Você vai rir, mas seu riso será forçado. Você vai estar lá escutando pagode, enquanto sua cabeça traduz músicas de Chico Buarque. Seu vinho do porto,virou pinga de 50 centavos e você pode até demorar a voltar pra casa, mas seu desejo era nem ter saído do sofá de sua sala.
Não era melhor ter dito que você não estava a fim de fazer naquele dia aquele programa? Até seu amigo, que sempre foi uma companhia agradável, naquela noite, você olha de “banda”.
Acho que estou ficando velha ou apenas ficando mais atenta ao ecoar de meus desejos que, naquela noite, me diziam: Sinto muito fulano de tal, não gosto de Soweto. Mas, queres vir pra minha casa tomar um vinhozinho?
Seria uma boa saída... e aí seu amigo é quem escolheria ser refém ou não desse "convite".
Monique Mendes