Brasil, fim dos anos 70. A exibição ousada, em 10 episódios, de um novo perfil feminino - Maria Lúcia - uma socióloga cheia de opiniões, independente, motorizada, partidária da esquerda socialista brasileira, separada. Uma Chiquinha Gonzaga dos tempos modernos: um símbolo de vanguarda temido pelos homens, uma ameaça às mulheres machistas, um estímulo às feministas emergentes.
O seriado “Malu Mulher” trata de maneira extremamente transparente temas sobre as dificuldades das mulheres de seu tempo: virgindade, desquite, pílula anticoncepcional, aborto, infidelidade, maus-tratos. Estreado pelo episódio-jargão “Acabou-se o que era doce”, é notório, no decorrer dos capítulos, o embate do patriarcalismo europeu herdado pelo sistema latifundiário implantado em nosso país com a democratização da ciência e a expansão do ensino na era da modernidade que, trazia consigo, a emancipação feminina contra as amarras da ignorância e da reclusão.
Apesar dos precários recursos, fascinaram-me a divulgação em linguagem simples e a caracterização de uma época pretérita, da qual não fiz parte. Os acessórios utilizados pelos artistas, como óculos retrô, blusa de botões jeans, calça semi-beggy, compunham um panorama “brega” numa década ainda impregnada de machismos e desmandos, mas em que a radiola de vinil já ecoava o burburinho de mudanças. Cenário realmente encantador e progressista.
Entretanto, ao termo dessa manifestação artístico-social, mister foi observar como nosso panorana “século XXI” nos traz a sensação falaciosa de desenvolvimento. Os temas ali tratados, depois de quase 40 anos, pouco mudaram: a virgindade ainda é tabu, a pílula anticoncepcional ainda é repudiada pela igreja, a lei ainda condena o aborto, a infidelidade ainda é coisa de homem e o adultério deixou de ser crime ano passado.
O progresso humanístico, confundido com o desenvolvimento científico-tecnológico e com moda cibernética, ludibria aqueles que acreditam existir igualdade entre os sexos na atualidade. Diante de tal reflexão, penso que, porventura, fosse melhor se ainda usássemos a semi-beggy, mas não tivéssemos baixado o volume do burburinho de mudanças de nossas radiolas...
O seriado “Malu Mulher” trata de maneira extremamente transparente temas sobre as dificuldades das mulheres de seu tempo: virgindade, desquite, pílula anticoncepcional, aborto, infidelidade, maus-tratos. Estreado pelo episódio-jargão “Acabou-se o que era doce”, é notório, no decorrer dos capítulos, o embate do patriarcalismo europeu herdado pelo sistema latifundiário implantado em nosso país com a democratização da ciência e a expansão do ensino na era da modernidade que, trazia consigo, a emancipação feminina contra as amarras da ignorância e da reclusão.
Apesar dos precários recursos, fascinaram-me a divulgação em linguagem simples e a caracterização de uma época pretérita, da qual não fiz parte. Os acessórios utilizados pelos artistas, como óculos retrô, blusa de botões jeans, calça semi-beggy, compunham um panorama “brega” numa década ainda impregnada de machismos e desmandos, mas em que a radiola de vinil já ecoava o burburinho de mudanças. Cenário realmente encantador e progressista.
Entretanto, ao termo dessa manifestação artístico-social, mister foi observar como nosso panorana “século XXI” nos traz a sensação falaciosa de desenvolvimento. Os temas ali tratados, depois de quase 40 anos, pouco mudaram: a virgindade ainda é tabu, a pílula anticoncepcional ainda é repudiada pela igreja, a lei ainda condena o aborto, a infidelidade ainda é coisa de homem e o adultério deixou de ser crime ano passado.
O progresso humanístico, confundido com o desenvolvimento científico-tecnológico e com moda cibernética, ludibria aqueles que acreditam existir igualdade entre os sexos na atualidade. Diante de tal reflexão, penso que, porventura, fosse melhor se ainda usássemos a semi-beggy, mas não tivéssemos baixado o volume do burburinho de mudanças de nossas radiolas...
Monique Mendes
PS: Na época de exibição do seriado, foram reproduzidos 79 episódios, dos quais só tive o prazer de assitir a 10, com o lançamento do dvd. =}
Um comentário:
Niquee,
pareceu artigo jornalístico!
os mesmos traços!
adoreeei!ficou um texto enxuto, conciso,bem amarrado.
uma linguagem linear e a exposição dos fatos bem sequenciada!
ótimo!
beijos!
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