domingo, junho 03, 2007

No canto da sala

Chegou na simplicidade para fazer da sua companhia algo decifrável. Mas os cabelos cortados de lado, a maquiagem exagerada, as roupas de marca despistaram suas palavras. Aproximou-se dos próximos. Entretanto, por comparecer com vestuário incompatível, fora de moda, interessou apenas aos olhares tortos, aos sorrisos forçados como motivo de deboche.

Diante dos vestidos de luxo e dos róseos de carmim nos semblantes modelados, engoliu vontades, substituiu desejos e, sem alternativas, tornou-se solitária. Como última chance, fez dos seus olhos remoto-controle dos atos, dos modos, dos hábitos para adequar-se aos demais.

Assim, constatou-se sozinha, compreendida apenas pela lua, que conforta uma imensidade de corações diante da sua universalidade de cor e tamanho. E como ela estava linda, completa! Parecia que adivinhava o vazio do peito de quem a observava com tanto esmero. E, iluminou a mente daquela que precisava da naturalidade de sua luz para perceber que ali, sob aquele teto, seu grito seria apenas um cochicho diante de tanta sofisticação.

Simplesmente, saiu sem se despedir.

Monique Mendes

Um comentário:

Anônimo disse...

espero que haja sempre a despedida, que por mais que seja triste, é bem mais feliz que uma não-despedida!



um beijo! :*