domingo, dezembro 03, 2006

Ano MMVI

Escrevendo a data de hoje no papel, voltei aos tempos da infância. Não simplesmente por constatar que o tempo realmente passou – e rápido -, mas porque, naquelas ocasiões, escutei que o ano de 2006 talvez não chegaria a existir.

As declarações epocalípticas, segundo os falatórios, descreviam geleiras descongelando, ondas enormes inundando cidades, fogo tomando conta de florestas e plantações, homens dizendo-se ser Jesus Cristo, bombas que transformariam nosso querido planeta água em chuvisco.

Escutando aquelas previsões, tudo se enchia de mistério, de imprevisibilidade. Calculava minha futura idade na cabeça e constatava que só viveria 21 anos. O medo tomava conta de mim, pois as histórias tinham sido interpretadas por passagens da Bíblia, não de um livro qualquer, criado por qualquer mortal.

Cá comigo pensava: não viajaria o mundo todo, não teria netos quiçá nem filhos, não teria a chance de ver meu reflexo enrugado nem meus cabelos brancos no espelho. A morte tinha data marcada para todos nós. Talvez hora também, mas detalhes sobre o assunto nem quis saber. Escolhi usar o ceticismo como meu aliado e o tempo como remédio homeopático para o esquecimento.

E graças à má contagem dos interpretadores epocalípticos, estamos aqui. Mas o medo me toma novamente: os falatórios estão se tornando notícias de jornal!

Pra que fui escrever 2006 hoje no caderno?
Monique Mendes

Um comentário:

Anônimo disse...

Perdi a crença na Bíblia há muito tempo. Acho que não é um documento em sua íntegra! E um documento que não está inteiro, real, pra mim não se torna digno de confiança.

Nunca cheguei a temer esse medo de fim de mundo, graças a Deus. Este que é minha fonte de fé, é nele que eu acredito e não em nenhum documento escrito por mortais imperfeitos.

Gostei do texto, Nique.
Mas não se preocupe, o fim do mundo será provocada pelos próprios humanos, daqui a algum tempo, siM; mas notícias no jornal são meras expectativas de outros mortais imperfeitos.

vive o presente e não pensa muito nesse futuro previsto, não!

beijo!